A última frase de Gênesis 4 registra que, logo após o nascimento de Enos, começou-se “a invocar o nome do Senhor” (Gn 4.26). Embora o verbo “invocar” pareça sinônimo de cultuar ou adorar, em outros textos ele é sinônimo de clamar ou orar. Numa de suas orações, Davi escreve: “Na minha angústia, “invoquei” o Senhor, “clamei” a meu Deus; ele, do seu templo, ouviu a minha voz” (2Sm 22.7). No Salmo 50, Deus diz: “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15). As mesmas palavras são proferidas pela boca do profeta Jeremias: “Invoca-me, e te responderei” (Jr 33.3).
A expressão “invocar o nome do Senhor” aparece seis vezes no primeiro livro da Bíblia. Abraão (12.8; 13.4; 21.33), sua escrava Agar (16.13) e seu filho Isaque (26.25) invocam o nome do Senhor. A esta altura da história humana tal ato já seria um exercício religioso habitual. As outras orações de Gênesis não são meras invocações da presença de Deus, mas súplicas bem elaboradas e mais explícitas. A primeira é um modelo de oração intercessória. As outras são pedidos em favor da interferência da misericórdia e do poder de Deus para resolver situações difíceis (a oração do servo de Abraão), situações ligadas a problemas de saúde (a oração de Isaque) e situações de perigo (as orações de Jacó).
Abraão demora-se na presença de Deus e insiste o quanto pode em favor da não-destruição de Sodoma e Gomorra, em benefício de alguns poucos justos porventura ali residentes. E ele consegue o favor de Deus vez após vez: Deus não destruiria as cidades da campina caso houvesse ali cinquenta, 45, quarenta, trinta, vinte ou dez justos. Como não havia nem sequer dez, as cidades foram destruídas (Gn 18.22-33). O mesmo Abraão orou em favor da saúde de Abimeleque, sua mulher e servas (Gn 20.17).
O filho de Abraão e Agar, ao ser mandado embora junto com a mãe, não tendo mais água para beber, clamou e “Deus ouviu a voz do menino” (Gn 21.17).
O servo de Abraão não sabia como cumprir a delicada missão de conseguir uma esposa para o filho solteirão de seu senhor. Então apelou à oração e foi plenamente atendido. A primeira moça com a qual se encontrou na Mesopotâmia tornou-se esposa de Isaque. O servo fez questão de contar essa experiência de oração à família da jovem (Gn 24.10-50).
Como Rebeca não engravidava, “Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril”. Depois de completar bodas de porcelana, aos 60 anos, nasceram os gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25.19-26).
Depois de casar-se com quatro mulheres, de se tornar pai de doze rapazes e de Diná, e de ficar muito rico, Jacó resolveu voltar para sua terra. Porém, logo soube que o irmão ainda alimentava vingança contra ele e vinha ao seu encalço com quatrocentos homens armados. Ao perceber que ele e sua família estavam em perigo, Jacó orou ao Senhor: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos”. Foi uma oração perseverante e audaciosa, pois do lado de cá do Jaboque ele disse ao Senhor: “Não te deixarei ir se não me abençoares”. A emoção desarmou Esaú, os dois inimigos choraram um no ombro do outro e a guerra acabou (Gn 32.3-32).
O que mais se aprende com esta história de oração é a humildade com que elas foram feitas. Na intercessão por Sodoma, Abraão declarou: “Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18.27). Jacó também confessou o que de fato era ao começar sua oração com as seguintes palavras: “Sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo” (Gn 32.10). Bom seria se todas as nossas orações começassem com essa confissão de Jacó e a do publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lc 18.13).
Fonte: Revista Ultimato
A expressão “invocar o nome do Senhor” aparece seis vezes no primeiro livro da Bíblia. Abraão (12.8; 13.4; 21.33), sua escrava Agar (16.13) e seu filho Isaque (26.25) invocam o nome do Senhor. A esta altura da história humana tal ato já seria um exercício religioso habitual. As outras orações de Gênesis não são meras invocações da presença de Deus, mas súplicas bem elaboradas e mais explícitas. A primeira é um modelo de oração intercessória. As outras são pedidos em favor da interferência da misericórdia e do poder de Deus para resolver situações difíceis (a oração do servo de Abraão), situações ligadas a problemas de saúde (a oração de Isaque) e situações de perigo (as orações de Jacó).
Abraão demora-se na presença de Deus e insiste o quanto pode em favor da não-destruição de Sodoma e Gomorra, em benefício de alguns poucos justos porventura ali residentes. E ele consegue o favor de Deus vez após vez: Deus não destruiria as cidades da campina caso houvesse ali cinquenta, 45, quarenta, trinta, vinte ou dez justos. Como não havia nem sequer dez, as cidades foram destruídas (Gn 18.22-33). O mesmo Abraão orou em favor da saúde de Abimeleque, sua mulher e servas (Gn 20.17).
O filho de Abraão e Agar, ao ser mandado embora junto com a mãe, não tendo mais água para beber, clamou e “Deus ouviu a voz do menino” (Gn 21.17).
O servo de Abraão não sabia como cumprir a delicada missão de conseguir uma esposa para o filho solteirão de seu senhor. Então apelou à oração e foi plenamente atendido. A primeira moça com a qual se encontrou na Mesopotâmia tornou-se esposa de Isaque. O servo fez questão de contar essa experiência de oração à família da jovem (Gn 24.10-50).
Como Rebeca não engravidava, “Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril”. Depois de completar bodas de porcelana, aos 60 anos, nasceram os gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25.19-26).
Depois de casar-se com quatro mulheres, de se tornar pai de doze rapazes e de Diná, e de ficar muito rico, Jacó resolveu voltar para sua terra. Porém, logo soube que o irmão ainda alimentava vingança contra ele e vinha ao seu encalço com quatrocentos homens armados. Ao perceber que ele e sua família estavam em perigo, Jacó orou ao Senhor: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos”. Foi uma oração perseverante e audaciosa, pois do lado de cá do Jaboque ele disse ao Senhor: “Não te deixarei ir se não me abençoares”. A emoção desarmou Esaú, os dois inimigos choraram um no ombro do outro e a guerra acabou (Gn 32.3-32).
O que mais se aprende com esta história de oração é a humildade com que elas foram feitas. Na intercessão por Sodoma, Abraão declarou: “Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18.27). Jacó também confessou o que de fato era ao começar sua oração com as seguintes palavras: “Sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo” (Gn 32.10). Bom seria se todas as nossas orações começassem com essa confissão de Jacó e a do publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lc 18.13).
Fonte: Revista Ultimato